quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O que é deficiência intelectual?

Em geral, a criança tem mais dificuldade para interpretar conteúdos abstratos, o que exige estratégias diferenciadas por parte do professor

Por: Ricardo Ampudia

Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas (como as metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar atividades cotidianas - como, por exemplo, as ações de autocuidado.
A capacidade de argumentação desses alunos também pode ser afetada e precisa ser devidamente estimulada para facilitar o processo de inclusão e fazer com que a pessoa adquira independência em suas relações com o mundo.
As causas são variadas e complexas, sendo a genética a mais comum, assim como as complicações perinatais, a má-formação fetal ou problemas durante a gravidez. A desnutrição severa e o envenenamento por metais pesados durante a infância também podem acarretar problemas graves para o desenvolvimento intelectual.
O Instituto Inclusão Brasil estima que 87% das crianças brasileiras com algum tipo de deficiência intelectual têm mais dificuldades na aprendizagem escolar e na aquisição de novas competências, se comparadas a crianças sem deficiência. Mesmo assim, é possível que a grande maioria alcance certa independência ao longo do seu desenvolvimento. Apenas os 13% restantes, com comprometimentos mais severos, vão depender de atendimento especial por toda a vida.

Como lidar com alunos com deficiência intelectual na escola?

Segundo a psicopedagoga especialista em Inclusão, Daniela Alonso, as limitações impostas pela deficiência dependem muito do desenvolvimento do indivíduo nas relações sociais e de seus aprendizados, variando bastante de uma criança para outra.
Em geral, a deficiência intelectual traz mais dificuldades para que a criança interprete conteúdos abstratos. Isso exige estratégias diferenciadas por parte do professor, que diversifica os modos de exposição nas aulas, relacionando os conteúdos curriculares a situações do cotidiano, e mostra exemplos concretos para ilustrar ideias mais complexas.
Para a especialista, o professor é capaz de identificar rapidamente o que o aluno não é capaz de fazer. O melhor caminho para se trabalhar, no entanto, é identificar as competências e habilidades que a criança tem. Propor atividades paralelas com conteúdos mais simples ou diferentes, não caracteriza uma situação de inclusão. É preciso redimensionar o conteúdo com relação às formas de exposição, flexibilizar o tempo para a realização das atividades e usar estratégias diversificadas, como a ajuda dos colegas de sala - o que também contribui para a integração e para a socialização do aluno.
Em sala, também é importante a mediação do adulto no que diz respeito à organização da rotina. Falar para o aluno com deficiência intelectual, previamente, o que será necessário para realizar determinada tarefa e quais etapas devem ser seguidas é fundamental.
Reportagem tirada da revista nova escola: https://novaescola.org.br/conteudo/271/o-que-e-deficiencia-intelectual

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Inclusão de deficientes intelectuais ainda é um grande desafio, diz especialista

Nesta quarta-feira, 22, é o Dia da Deficiência  intelectual
                                      
 Nesta quarta-feira, 22, é o Dia da Deficiência Intelectual. De acordo com a última Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, 0,8% da população brasileira tem algum tipo de deficiência intelectual, sendo mais da metade em grau intenso ou muito intenso de limitação. O levantamento que visitou 64 mil domicílios brasileiros também aponta que 0,5% desse público já nasceu com as limitações. Instituída com o objetivo de contribuir para a desconstrução de preconceitos, a data busca incentivar ações de integração na sociedade. Para Sofia Maia, diretora da Escola Novo Olhar, muito mais do integrar é preciso ainda conscientizar. “Todo mundo sabe que existem vários tipos de deficiência e elas afetam de forma diferente a questão intelectual. Trabalho com autistas e portadores de síndrome de down e não dá para tratá-los igual. Cada um tem sua excepcionalidade, características individuais, e por isso necessita de atenção específica, de um olhar atento a cada condição”. 

Em 1999, Sofia fundou sua escola destinada a pessoas com deficiência e identificou naquele ano um problema que existe ainda hoje: a rejeição e precariedade das escolas tradicionais com relação aos alunos deficientes. Na opinião da psicopedagoga e psicóloga, as escolas tradicionais não estão preparadas para os alunos especiais porque ainda não compreenderam que eles precisam de uma atenção diferente. “Ouvi muitos relatos de mães que matricularam seus filhos em uma escola normal e os viam escanteados. Falta perceber que um aluno especial muito dificilmente vai acompanhar uma criança normal, então o que ele precisa é de um método de ensino personalizado, que contemple suas necessidades”, coloca a diretora. Apesar do número de pessoas com deficiência em sala de aula comum vir aumentando, o desafio ainda é muito grande. “Alunos com síndrome de down e autismo, por exemplo, exigem professores capacitados. Nosso modelo convencional e os conceitos pedagógicos precisam ser remodelados. Não adianta as escolas regulares aceitarem as matrículas desses alunos e não suprirem a necessidade deles. O mais importante para uma criança com deficiência é desenvolver a autonomia e dar a ela a possibilidade de aprender a interagir e colaborar. O objetivo não é fazer com que ela aprenda o mesmo que as outras”, completa Sofia.